a extraordinária aventura vivida por vladimir maiakóvski no verão na datcha
Filed Under () by Mazé Mixo on sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Posted at : 01:52
"A tarde ardia como cem sóis.
O verão rolava em Julho.
O calor se enrolava
no ar e nos lençóis
da datcha onde eu estava.
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula,
e ao pé do monte
a aldeia enruga
a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,
um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:
o sol descia
lento e exato.
E de manhã
outra vez
por toda a parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia
isto
começou a irritar me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:
"Desce!
Chega de vadiar nessa fornalha!"
E grito ao sol:
"Parasita!
Você, aí, a flanar pelos ares,
e eu, aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!"
E grito ao sol:
"Espere!
Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso
de paxá
você baixar em casa
para um chá?"
Que mosca me mordeu!
É o meu fim!
Para mim
sem perder tempo
o sol
alargando os raios-passos
avança pelo campo.
Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas, pelas frestas
a massa
solar vem abaixo
e invade a minha casa.
Recobrando o fôlego,
me diz o sol com voz de baixo:
"Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!"
Lágrimas na ponta dos olhos
- o calor me fazia desvairar -
eu lhe mostro o samovar:
"Pois bem,
sente-se, astro!"
Quem me mandou berrar ao sol
insolências sem conta?
Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.
Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo
pouco a pouco
a palestrar com o astro.
Falo
disso e daquilo,
como me cansa a Rosta,
etc.
E o sol:
"Está certo, mas não se desgoste,
não pinte as coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, para ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!"
Conversamos até a noite
ou até o que, antes, eram trevas.
Como falar, ali de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,
com desassombro,
estou batendo no seu ombro.
E o sol, por fim:
"Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos, poeta,
cantar,
luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos."
O muro das sombras,
a prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda a parte.
Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir para a cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar para sempre,
brilhar como um farol, brilhar com brilho eterno,
gente é para brilhar,
que tudo o mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol."
O verão rolava em Julho.
O calor se enrolava
no ar e nos lençóis
da datcha onde eu estava.
Na colina de Púchkino, corcunda,
o monte Akula,
e ao pé do monte
a aldeia enruga
a casca dos telhados.
E atrás da aldeia,
um buraco
e no buraco, todo dia,
o mesmo ato:
o sol descia
lento e exato.
E de manhã
outra vez
por toda a parte
lá estava o sol
escarlate.
Dia após dia
isto
começou a irritar me
terrivelmente.
Um dia me enfureço a tal ponto
que, de pavor, tudo empalidece.
E grito ao sol, de pronto:
"Desce!
Chega de vadiar nessa fornalha!"
E grito ao sol:
"Parasita!
Você, aí, a flanar pelos ares,
e eu, aqui, cheio de tinta,
com a cara nos cartazes!"
E grito ao sol:
"Espere!
Ouça, topete de ouro,
e se em lugar
desse ocaso
de paxá
você baixar em casa
para um chá?"
Que mosca me mordeu!
É o meu fim!
Para mim
sem perder tempo
o sol
alargando os raios-passos
avança pelo campo.
Não quero mostrar medo.
Recuo para o quarto.
Seus olhos brilham no jardim.
Avançam mais.
Pelas janelas,
pelas portas, pelas frestas
a massa
solar vem abaixo
e invade a minha casa.
Recobrando o fôlego,
me diz o sol com voz de baixo:
"Pela primeira vez recolho o fogo,
desde que o mundo foi criado.
Você me chamou?
Apanhe o chá,
pegue a compota, poeta!"
Lágrimas na ponta dos olhos
- o calor me fazia desvairar -
eu lhe mostro o samovar:
"Pois bem,
sente-se, astro!"
Quem me mandou berrar ao sol
insolências sem conta?
Contrafeito
me sento numa ponta
do banco e espero a conta
com um frio no peito.
Mas uma estranha claridade
fluía sobre o quarto
e esquecendo os cuidados
começo
pouco a pouco
a palestrar com o astro.
Falo
disso e daquilo,
como me cansa a Rosta,
etc.
E o sol:
"Está certo, mas não se desgoste,
não pinte as coisas tão pretas.
E eu? Você pensa
que brilhar
é fácil?
Prove, para ver!
Mas quando se começa
é preciso prosseguir
e a gente vai e brilha pra valer!"
Conversamos até a noite
ou até o que, antes, eram trevas.
Como falar, ali de sombras?
Ficamos íntimos,
os dois.
Logo,
com desassombro,
estou batendo no seu ombro.
E o sol, por fim:
"Somos amigos
pra sempre, eu de você,
você de mim.
Vamos, poeta,
cantar,
luzir
no lixo cinza do universo.
Eu verterei o meu sol
e você o seu
com seus versos."
O muro das sombras,
a prisão das trevas,
desaba sob o obus
dos nossos sóis de duas bocas.
Confusão de poesia e luz,
chamas por toda a parte.
Se o sol se cansa
e a noite lenta
quer ir para a cama,
marmota sonolenta,
eu, de repente,
inflamo a minha flama
e o dia fulge novamente.
Brilhar para sempre,
brilhar como um farol, brilhar com brilho eterno,
gente é para brilhar,
que tudo o mais vá pro inferno,
este é o meu slogan
e o do sol."
eu acredito nos ciclos, acredito que vamos mudando aos poucos nossa relação com as coisas, com as pessoas, com os sentimentos.
acredito que a vida é mais, é o inexplicável, é o que só se sente, e pronto.
é o que nem se compreende, é o que é simplesmente por assim o ser.
não sei ainda se nós complicamos a vida, ou se ela que é assim, complicada. mas sei que viver é difícil, dói.
sei que sou eu, definitivamente, quem coloca tantas vírgulas pelo caminho, e não consigo ser de outra forma. eu preciso da pausa, preciso do silêncio. preciso do conflito, preciso do não saber como lidar com o conflito, pra enfim, aprender.
pra ir além. e preciso muito ir, além.
'eu preciso andar,
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou'
(r amarante)
acredito que a vida é mais, é o inexplicável, é o que só se sente, e pronto.
é o que nem se compreende, é o que é simplesmente por assim o ser.
não sei ainda se nós complicamos a vida, ou se ela que é assim, complicada. mas sei que viver é difícil, dói.
sei que sou eu, definitivamente, quem coloca tantas vírgulas pelo caminho, e não consigo ser de outra forma. eu preciso da pausa, preciso do silêncio. preciso do conflito, preciso do não saber como lidar com o conflito, pra enfim, aprender.
pra ir além. e preciso muito ir, além.
'eu preciso andar,
um caminho só
vou buscar alguém
que eu nem sei quem sou'
(r amarante)
bessém é o 'dono' do jeje, o vodum patrono do axé.
ele representa a continuidade, os ciclos de vidas e mortes, os inícios dos fins, os fins dos inícios.
ele é o arco-íris que une o céu e a terra, é a água que cai do céu.
e foi assim que bessém me recepcionou. quando enfim entrei em sua casa começou a chover.
quarta-feira, 01/10/08
ele representa a continuidade, os ciclos de vidas e mortes, os inícios dos fins, os fins dos inícios.
ele é o arco-íris que une o céu e a terra, é a água que cai do céu.
e foi assim que bessém me recepcionou. quando enfim entrei em sua casa começou a chover.
quarta-feira, 01/10/08
tenho percebi nos últimos tempos que definitivamente as coisas só se aprendem na prática. porque temos que vivenciar, sentir, pra entender algumas coisas. não sei se isso faz de mim um empirista (o que a princípio não aceito nem gosto), mas que seja. os mestres e os conselhos são importantes, sim, mas só quando a experiência do aprendizado é vivenciada.
poucos, pouquíssimos dias antes de vir pra cá eu percebi na prática o que é o amor incondicional. eu percebi que tenho uma pessoa, minha mãe, que me ama dessa forma, pelo apoio, mas principalmente pelo entendimento da parte dela da decisão que tomei, vindo pra cá.
já faz alguns anos que tenho me afastado dela, aos poucos, e às vezes bruscamente. eu queria (e quero) meu espaço, minha independência efetiva. vejo que a agi de forma errada. é hora, enfim, de me portar como homem que sou, deixar de lado o menino, o ninho, e ao mesmo tempo honrar esse amor tão grande.
quinta-feira, 09/10/08
poucos, pouquíssimos dias antes de vir pra cá eu percebi na prática o que é o amor incondicional. eu percebi que tenho uma pessoa, minha mãe, que me ama dessa forma, pelo apoio, mas principalmente pelo entendimento da parte dela da decisão que tomei, vindo pra cá.
já faz alguns anos que tenho me afastado dela, aos poucos, e às vezes bruscamente. eu queria (e quero) meu espaço, minha independência efetiva. vejo que a agi de forma errada. é hora, enfim, de me portar como homem que sou, deixar de lado o menino, o ninho, e ao mesmo tempo honrar esse amor tão grande.
quinta-feira, 09/10/08
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