Skinpress Demo Rss

do tempo que afasta

Filed Under () by Mazé Mixo on segunda-feira, 3 de maio de 2010

Posted at : 00:07

minha mãe está fazendo 59 anos.
veio conversar comigo agora, dizendo que não sabe onde errou.
que não sou o companheiro-amigo que ela quis que eu fosse.
que sou seco e frio com ela.

algo no meio do caminho aconteceu, e também não entendo.

2 comentários:

Anônima Loquaz em perigo disse...

Puxa,
eu ouvi essa cobrança tantas vezes na vida...é tão verdadeira, mas tão errada!

de forma mais velada - porque já cansadas, ambas, dos velhos embates - ela ainda se ressente da minha "indiferença" filial...e solta uma "ladainha" básica, que ignoro...


houve um tempo em que me sentia culpada...péssima filha etc
sentia traços disso nas minhas crises de depressão...
acabei sentindo um pouco de raiva dela... por me coagir, pressionar...fui morar bem longe!

me fez tão mal
que nem consegui me impedir
de comentar postagem tão ... tão íntima... desculpe

enfim, depois de anos de terapia, aboli a culpa.
o caso é que, geralmente, a autonomia total dos filhos coincide com a crise da meia-idade delas... a perda da função biológica primordial do gênero...
a menopausa é uma pequena morte e, então, justamente quando os filhos seriam a tábua de náufrago, eles estão viajando sozinhos - ou pior, escolhendo novas companheiras(os) de viagem.
acho que sara com a chegada de netos ... ou não rs

não sei se vou acabar mordendo a língua e fazendo a mesma merda com meu filho quando chegar nessa fase da nossa vida, mas desde sempre cuidei de ser bem independente dele e vice-versa:
somos mãe e filho, nos amamos sempre ( com direito a demonstrações de raiva e impaciência, de vez em quando, tanto quanto de chameguinhos rs) MAS
não somos amigos inseparáveis, nem confidentes, nem parceiros... esses a gente escolhe por afinidade.
e, assim, tenho meus afetos, e ele, os dele. sem culpas nem cobranças.
arrrrghhh ... tenho náusea disso...

vc parece ser bem situado psicológica e emocionalmente...
não tem jeito de alguém seco e frio!

talvez a única coisa que tenha acontecido é que durante a caminhada do garotinho e de sua mãe, ele cresceu e largou a mão dela pra tê-las livres como asas em voo largo.

ela reclama, mas certamente também se sente tola por ter cobrado...

Ai, ai! de onde o Cazuza tirou "aquela" frase?!! rs

puxa...
pode não ter nada a ver...
mas nunca dá pra entender mesmo.

The unknown human who sold the world disse...

Às vezes a gente tem o mundo e não vê nada. Talvez na escuridão as pessoas realmente ouvissem e aí todos os caminhos enrolados que passamos seriam só sons, sem cobranças, sem julgamentos, sem dores passadas. Talvez o mundo realmente precise que a luz acabe para que todas as pessoas pudessem ouvir como as palavras são estranhas e pesadas...e que o efeito delas sobre nós é muito mais do que junção de letras, é um futucar contínuo, sempre em reticências.